"Os males que não são percebidos são os mais perigosos" - Erasmo de Roterdão
Afinal... o que é o "mal"? Seria Deus censurando a Si próprio? Seria a natureza tendenciosa da humanidade? Em qual momento, na vida de um ser humano, o mal aflora? Existem parâmetros para a análise da maldade?
Antes de mais nada, devemos analisar os valores sócio-culturais, valores estes que são responsáveis pelas diretrizes de nossos pensamentos, que são os alicerces de nossas atitudes, que são significadores de nosso caráter, e parte da nossa persona.
Não existe o mal desprovido de um fundamento. A análise deste mal vai variar de acordo com os valores sócio-culturais de quem o está analisando.
Deve-se considerar também os parâmetros adotados pelo homem contemporâneo [leia-se: hipócrita, humanista (...), livre... etc...]. Antigamente, toda e qualquer conclusão era sumariamente estóica, as coisas eram o quê eram. Hoje em dia as coisas são o quê são mas também podem ser outra coisa... Depois que Einstein divulgou sua teoria da relatividade, tudo passou a ser relativo. A relatividade virou um pretexto para as pessoas fugirem da realidade, camuflarem a verdade, e despirem-se da culpa que pesaria-lhes a consciência. Para tudo, temos a resposta: "mas isso é relativo." NÃO! Certas coisas e feitos não são relativos, muito menos explicáveis! Nada obstante, é o fator sócio-cultural que analisa a gravidade destes feitos.

Consideremos a psicologia de Dexter. Um menino de três anos, vê a mãe ser assassinada dentro de um contâiner em Miami, e mergulhado em seu sangue, presencia um ato de extrema maldade em uma idade incontestavelmente prematura. Passam-se os anos, e seu pai adotivo descobre essa tendência maléfica de Dexter, e passa a coordenar as atitudes de Dexter criando códigos de conduta, ou seja impondo condições e dando "licenças" para o filho matar. Este "código" consiste primeiramente em NUNCA MATAR UM INOCENTE, ou seja matar apenas os assassinos hediondos, estupradores, corruptos etc... Mas por quê Dexter é considerado um "herói" se ele mata as pessoas sem qualquer traço de arrependimento? Porque a tendência assassina de Dexter na verdade, reflete o que todo homem deseja: fazer o bem nascer do mal... Mas quê bem podemos extrair da morte de uma pessoa? A possibilidade de ela nunca mais fazer o que fez, ou alívio de expressar nossa indignação? Vai depender do ponto de vista, mas eu fico com a segunda opção(aqui sim, existe a relatividade). É comum o desejo itinerante de matar alguém, todo mundo um dia já sentiu esse desejo(remova o véu da hipocrisia, e reconheça que não estou falando nenhuma inverdade, por pior que isso possa parecer). Eu por exemplo, tive vontade de TORTURAR aquela garota croata que comprazia-se em afogar os cachorrinhos, no momento em que eu assistia aquele video que ela gravou cometendo esse ato de maldade. Eu chorei(chorei mesmo!) de ódio dela. O quê eu percebo com isso, é que todos nós justificamos um ato de maldade em cima de outro, e todos os males que cometemos recaem sobre o nosso instinto de fazer o bem prevalecer. Nós seres humanos, somos muito passionais, e frequentemente tomados pelo calor do momento. Devemos ter muito cuidado com isso por que a possibilidade de arrependimento é enorme. Deveras, não sei o quê aconteceria se eu encontrasse aquela croata durante a semana que decorreu depois de eu ter visto o video... Não sei o quê é tirar a vida de uma pessoa(e espero nunca saber), mas sei que ia querer bater MUITO nela. Talvez eu não a matasse, mas certamente eu a faria sofrer. Seria ainda mais certo, o meu remorso posterior(embora eu jamais duvidasse que ela fosse merecedora do mal que eu teria causado à ela.). Outro exemplo: O quê eu faria(Ai de mim!) se um cara torturasse minha mãe e depois a matasse? Eu o mataria se pudesse, ÓBVIO! Pelo simples fato de eu ser humana e passiva às emoções do momento. Seria uma maldade? Seria. Existiu um motivo? Existiu. Esse motivo justifica o ato? Não. Não existe relatividade na maldade. A maldade está presente no ser humano, não se pode negar isso, e ela apenas vem à tona quando temos sentimentos à flor da pele(seja este sentimento de medo, dor, raiva, vingança... Normalmente é um sentimento que nos incomoda...).

Mas esse contingente de maldade já existia ou foi desenvolvido ao longo da vida da pessoa de acordo com suas experiências?
Continua no próximo post...
Ósculos e Amplexos,
J.