quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Psicologia Do Mal (Parte II)

* Mal é o antônimo de bem. Mal é uma característica negativa, que implica uma certa depreciação de alguma coisa em relação ao seu estado normal. A idéia de mal, culturalmente relativa, encarna tudo aquilo que não é desejável ou que é destrutível. O mal está no vício, em oposição à virtude.*
  Todo mundo concorda que para haver o mal, também há de haver o bem. Este é o mais antigo exemplo da lei universal das naturezas opostas. Se essas forças não mantivessem seu eterno duelo mortal, o mundo não seria mundo. 
  Embora as naturezas opostas estejam condenadas a viver em perpétuo conflito, elas dependem uma da outra para que possam se manifestar sua existência dentro da cabeça de uma pessoa, pois são ideias complementares.
  Há um velho ditado que diz: " Enquanto os ventos lhes são favoráveis, o homem vence até o céu; quando o céu decide, entretanto, o homem é subjugado". O homem mau pode prosperar durante algum tempo, mas o seu fim será sempre um destino trágico. Isto é claramente demonstrado pela História. O motivo de sua ruína, naturalmente, foi o mal que praticou. Mas será que ele tinha consciência de estar praticando um ato maligno? O próprio Hitler, sendo o monstro que foi, era capaz de amar seu cão.
  Eu parto da seguinte premissa: O mal nunca nasce conosco, nós nascemos bons e o mundo nos torna maus. Na maioria das vezes a semente é plantada de uma forma traumática no dilúculo da vida, e manifestada posteriormente, no crepúsculo da mesma. O mal nasce do trauma, nasce da dor, de sentimentos negativos aos quais estamos expostos diariamente, é uma questão de sorte. Só quem nunca foi machucado pela injustiça e pela maldade de alguém é que acha estranho o impulso da vingança, da retribuição. Quem já foi assaltado à mão armada conhece bem o ódio que toma conta da gente, diante da impossibilidade de reagir à altura. A lei do olho por olho e dente por dente é a coisa mais espontânea, no coração do homem natural. A vingança é a única forma de libertarmos o demônio que está nos atormentando, mas a questão é: Depois da vingança você voltará a ser o mesmo? Voltará a ser bom? Isso é muito raro de acontecer por uma simples questão: A vingança não vai amenizar a sua dor, o demônio vai continuar a te atormentar, depois de tanto tempo te torturando, ele não vai querer te largar tendo visto seu potencial. A partir daí, qualquer coisinha que lhe façam, será motivo para vingança. 
  Não sou hipócrita, tão menos estou aqui para fazer apologia ao mal. Só que uma coisa eu posso afirmar; se algum dia(Deus me livre) um sujeito mata alguém da minha família, eu vou caçá-lo até a morte, eu não confio na justiça, não aceitaria que uma pessoa assim continuasse viva, tendo tirado de mim tudo que há de mais importante. Agora eu me pergunto: Estou sendo má? Sim e Não(estarei fazendo a MINHA justiça pois não confio nessa justiça parca e covarde no Brasil). É um ato de amor, vingar a morte de um ente querido? Sim e Não. Este é um ato de amor e de ódio. Portanto caímos em contradição... A justiça no Brasil, é RIDÍCULA, é por este motivo que pessoas(até mesmo pessoas que no fundo são boas, mas estão perdidas e atormentadas) matam umas as outras, pois sabem perfeitamente que sairão impunes: 1. Por que a vida não tem valor algum para as autoridades, é só mais uma em meio a 180 milhões de brasileiros(dados do IBGE), a menos é claro, que a pessoa represente uma figura pública, aí sim, a justiça se faz presente(especialmente para as cameras e microfones).
2. Por que a lei é infringida e desrespeitada inclusive por aqueles que supostamente deveriam defendê-la. 3. Por que na maioria das vezes existe a concessão de habeas corpus e diminuição de pena, mas é claro, que isso só se aplica aos poderosos que conhecem o direito à indenização, caso não haja uma justa causa, apenas evidências.
*Aproveito a deixa, para indicar um filme EXCELENTE(um dos melhores que já vi) para quem ainda não viu, chama-se CÓDIGO DE CONDUTA(Com Gerard Butler e Jamie Fox).
  Outro dia, fui assaltada a caminho do trabalho. Eu estava em um dos últimos assentos do ônibus lendo livro quando o rapaz(que tinha subido na Rocinha - que até o presente momento ainda não foi pacificada - com uma camisa de escola pública, embora fosse claro como a água, que ele não tinha idade para ser estudante, deixaram-no passar) colocou a arma(depois de ter mostrado que a mesma estava carregada)e chegou a soltar a trava de segurança. Senti um ódio nascer dentro de mim(pela primeira vez na vida, nunca antes havia sido assaltada...nas outras vezes eu reagi pois o assaltante estava desarmado), um ódio que jamais sentira antes. Ódio da covardia do rapaz, que obviamente sentia-se o valentão - como qualquer idiota que porta uma arma de fogo. Ódio desse maldito sistema que fornece armas aos cidadãos sem porte legal. Ódio do meu medo, por não ter metido a mão entre o cano e o tambor quando ele abriu para me mostrar que estava carregada(desse modo ele não poderia encaixar um no outro e atirar). Ódio de mim mesma, por saber que se eu estivesse armada eu jamais teria coragem de matar o filho da puta por mais que ele merecesse. Ele levou meu cordão de família, meus anéis(tudo de ouro) relógio, celular, dinheiro...coisas materiais que tinham um histórico familiar(colar e anel)que para mim significavam muito, e em breve seriam derretidas e vendidas. Meu o ódio era tanto, que minhas lágrimas pareciam cáusticas. Porém, quando o rapaz saltou do ônibus(isso já na barra) eu olhei nos olhos dele, ele viu meu ódio, e eu vi nos olhos dele um pedido de desculpas(como o olhar de um soldado nazista apontando a arma para o judeu e dizendo "eu só estou seguindo ordens" - Claro,tudo nas suas devidas proporções). Na hora aquilo não me consolou e nem amenizou a minha dor por uma perda MATERIAL. Agora imagine se essa perda não fosse material? Se fosse a vida de alguém? De alguma criança desprotegida, de um animal abandonado, de um idoso indefeso...PIOR: E se fosse alguém da minha familia? Imagine a minha dor, a minha agonia, a minha impotência. Não gosto nem de imaginar que meu sangue já esquenta. Entretanto, como mencionei, os olhos que pediam desculpas não apaziguaram a minha ira no momento, mas depois(algumas semanas depois) eu pude voltar a esse dia e lembrar do olhar do rapaz, e hoje consigo analisar friamente. Seus olhos diziam claramente que ele JAMAIS tinha a intenção de me matar, e jamais o faria. Ele estava com medo. Ele devia estar sendo ameaçado, devia estar devendo para algum chefão do tráfico(não que isso justifique o que ele fez). Me senti mal por ter sentido tanto ódio(eu sei que isso é normal, afinal também faço parte desta raça medíocre e nefasta que é a raça humana) e a despeito do que senti no dia, hoje não tenho vontade de me vingar. Pensei em subir a rocinha com a policia(como se isso fosse adiantar em alguma coisa) Pensei em ir atrás dele... Tudo LOUCURA. Loucura causada pelo ódio e pelo trauma. Foi aí que eu percebi o modus operandi do mal na cabeça das pessoas. Ele só age em mentes perturbadas e traumatizadas(em crianças por exemplo, os traumas são irreparáveis), o mal não tem acesso ao nosso coração, apenas à nossa cabeça,ou seja ele pode nos FAZER de nós, pessoas más, mas não pode TORNAR-NOS pessoas más. É por isso que nunca devemos subestimar o mal, por que ele age dentro da nossa cabeça, e a nossa cabeça é quem PENSA, portanto o mal é inteligente, e para o coração bom é difícil convencer a cabeça de que a mesma também é boa, enquanto ela PENSA que é má.

  Na minha visão, a maldade verdadeira é a maldade oriunda da ambição, da futilidade, do egoísmo, do benefício próprio em detrimento do sofrimento de outra pessoas. Esse sim, é o mal inadmissível, mas o engraçado é que você não encontra esse tipo de mal na vida real, apenas em desenhos e filmes como Rei Leão(Scar que mata o irmão por ambição), Branca de Neve e os 7 anões(Rainha má, que tenta matar a enteada por inveja de sua beleza - ps: eu acho a Branca de Neve feia - só para registro), Cinderela(Irmãs egoístas e invejosas que não aceitam que a "irmã" tenha os mesmos direitos que elas) A Bela Adormecida(Malévola, recalcada lança um feitiço contra a princesa para se vingar do rei). É raro você ver esses tipos de maldade no dia a dia... Normalmente existe um motivo. Evidente que há exceções como o caso da menina Isabella, morta pelo próprio pai e pela  madrasta maluca(sem antecedentes conhecidos - também que antecedente pode haver para matar uma criança? Isso é maldade pura).
  O mal é um fato. E ninguém é 100% bom, todos nós temos defeitos, mas o importante é tentar ser cada vez melhor. Afinal, é bom ser bom =) 


  Será que tinha Eva consciência de estar condenando toda a humanidade ao cair em tentação(É claro que não vou me ater a folclóres religiosos para defender a minha opinião, este é apenas um exemplo), e condenaria a nós MULHERES a fama da ruína dos homens? hehe

Continua na próxima edição.
Ósculos e Amplexos,
J.
 

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